Sempre fui muito imaginativa, para o bem e para o mal, o que faz com que praticamente tudo o que cruza a minha mente se possa refletir em imagens, desenhos animados, jogos ou músicas aludindo sempre a exemplos de vida.
Quando olho de fora para o nosso quotidiano, lembro-me sempre de um jogo muito básico de computador, dos poucos que me deixavam jogar em casa, no “velhinho” ZX Spectrum, chamado “JUMPING JACK”.
Era um ecrã cheio de linhas básicas que se moviam, com aberturas aleatórias, onde o desgraçado” do boneco passava a vida a correr, de forma frenética, para um lado ou para o“outro, sempre na esperança de conseguir passar por uma abertura para o nível de cima sem apanhar nenhum choque elétrico, o que acontecia por errar alguns milímetros no salto. A grande aflição, dele (e minha), era não se deixar cair na abertura que pudesse surgir na linha abaixo dos seus pés no patamar em que, entretanto, se encontrava.
Assim era a sua curta vida, simples, sofrida, básica, tentando “alegremente” subir de nível “vibratório”, sempre em stress, sem outros interesses, contando com várias vidas para gastar.
Assim estamos nós…
De uma forma bem mais ilustrada, com outro tipo de obstáculos, mas a mesma lógica, com mais imaginação e recursos…
Ao fazer este paralelismo, olho para as nossas vidas frenéticas, sempre geridas por outputs externos, dos quais dependemos para nos mantermos no nível em que nos encontramos, mesmo que isso implique uma vida robótica, a correr, sempre dentro dos parâmetros ditos
“aceitáveis” ou que consideramos necessários para sermos mais felizes.
No entanto, pergunto-me: o que é que nos move? O medo da queda, ou a vontade de tentar saber como viver melhor?
A questão é que muitas vezes, na sociedade atual, os estímulos que nos “empurram” não são propriamente a nossa vontade, a consciência da necessidade por si própria, mas o medo: desde o Fear of Missing Out cada vez mais presente nas nossas vidas, ao medo mais profundo que evitamos confrontar a todo o custo.
Somos regidos pela insegurança por querermos ser mais autênticos, mas termos medo dos julgamentos externos, da rejeição, da ansiedade que pode ficar visível e podemos não conseguir controlar deixando-nos expostos aos outros, ou a culpa que nos leva à ruminação de pensamentos e que nos bloqueia e paralisa – que nos gera uma constante autopunição.
Estamos tão envolvidos com o exterior que desconhecemos (ou nos esquecemos?) que dispomos de ferramentas internas que nos permitem almejar o nível acima e mudar só por si o nosso nível vibratório.
Porque é que uns de nós sobem mais facilmente de nível vibratório que outros?
Por vezes, infelizmente por situações que se nos deparam na vida, o sofrimento leva-nos a “aprender da pior forma” levando-nos a ter que parar e olhar para dentro de nós, à força, e entender que temos que mudar de qualquer forma.
No entanto, também podemos optar por, tendo consciência, darmos nós ativamente “um passo em frente” e apoderarmo-nos das nossas ferramentas internas para subir de nível vibratório por esforço próprio!
TEMOS QUE DAR ALGUM CRÉDITO À NOSSA AUTOCONFIANÇA!
A Autoconfiança é o catalisador que todos temos, presente ou latente, em várias cores e graus que nos permite “dar o passo” por opção e de forma consciente.
Se formos ao dicionário, ou procurarmos em qualquer outro recurso, encontramos várias definições para a autoconfiança, todas ou quase todas elas com a mesma raíz:
“Confiança que uma pessoa tem em si mesma”.
“Autoconfiança”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-024, https://dicionario.priberam.org/autoconfian%C3%A7a2
Podemos quase compará-la ao WUJI – o potencial em bruto, o vazio, que integra em si todas as potencialidades para dar o passo no sentido e na medida que nós quisermos!
De uma maneira ou de outra, todos estamos munidos de Autoconfiança, podendo ser necessário por vezes resgatá-la lá de dentro com mais ou menos esforço. Todos temos o potencial, mas só podemos ser ajudados a trazê-lo cá para fora se disso tivermos consciência e vontade.
É a nossa atitude perante as coisas que nos surgem, a forma como a resolvemos, o padrão que temos que mudar para agir perante as mesmas situações, mas de forma diferente que nos traz o clique que nos faz evoluir! (ups, lá vem mais uma imagem, esta do livro “quem mexeu no meu queijo?”)
É aqui que entra o CHI KUNG…
Então qual é a relação entre Chi Kung e Autoconfiança?
Esta prática, não dos nossos tempos, mas já milenar, disponível há tanto tempo, tremendamente potente, sempre connosco e presente, pode ser um catalisador que nos permite finalmente elevar a nossa vida…
Ao dispor de todos, baseia-se em 3 pilares importantíssimos, recursos internos inerentes a qualquer um de nós:
RESPIRAÇÃO, FOCO E MOVIMENTO…
Três palavras tão simples, tão correntes nos nossos dias e tão dificilmente aplicadas…
A prática do Chi Kung pode ser a ferramenta eficaz para melhorar a nossa autoconfiança, pois envolve uma combinação de movimentos suaves, respiração consciente e foco mental que podem beneficiar tanto o corpo quanto a mente.
Esta prática trabalha-se através de movimentos suaves e fluidos que ajudam a aumentar a consciência corporal. Ao praticar regularmente, tornamo-nos mais consciente das sensações do corpo, ajudando a construir uma conexão mais forte entre corpo e mente que nos leva a confiar nas nossas capacidades físicas e que trabalha as emoções.
O Chi Kung é conhecido por promover o relaxamento e reduzir o stress.
Quando estamos mais calmos e relaxados, é mais fácil sentirmo-nos confiantes em situações desafiadoras,“guardamos o retrato emocional” sendo mais fácil resgatar essa sensação em situações futuras às quais teríamos reagido de forma negativa,assegurando que nos conseguimos
recolher ao nosso centro para nos equilibrarmo-nos emocionalmente.
Ao equilibrar as emoções e a mente, permitimo-nos lidar com pensamentos negativos de forma
mais positiva, criamos espaço para promover uma melhor visão de nós próprios contribuindo
para aumentarmos a nossa AUTOCONFIANÇA.
O Chi Kung utiliza o foco intenso (a intenção) nas técnicas de respiração, nos movimentos e na
concentração. Esse foco mental ajuda-nos a fortalecer a nossa capacidade de concentração e a
acreditar nas nossas capacidades internas, o que é essencial para a confiança em nós mesmos.
Se mesmo assim ainda fosse necessário apresentar mais alguns benefícios para justificar a
prática do Chi Kung, poderia referir assim de forma geral que ao nível:
- Físico: Melhora a saúde de forma geral, traz uma maior flexibilidade, força e equilí
- Mental: Reduz o stress, melhora a concentração e aumenta o bem-estar emocional.
- Espiritual: Promove uma sensação de paz interior e conexão com a energia vital.
quem já pratica ou praticou Chi Kung entende o seu poder e a sua transformadora aplicação!
Felizmente temos livre arbítrio, que não o deixemos então “à mão de semear“ das influências
externas sem pelo menos termos experimentado, sem ouvirmos primeiro a nossa “vozinha
interior”, o nosso eu, a nossa essência.
Tal como o “Jumping Jack”, estou sempre atenta à possibilidade de haver uma abertura acima
para poder subir de nível vibratório sem embates mais fortes (no caso dele o horrível choque
elétrico quando falhava a abertura) e, sempre q possível por impulso próprio e não esperando
só pelos empurrões da vida. O Chi Kung tem sido uma das formas que escolhi para o fazer.
Já praticava Chi Kung antes, foi de impulso que me inscrevi no Curso de Instrutores de Chi Kung
Terapêutico, mas mais uma vez a vida me demonstrou que estava a ver o filme de fora para dentro (da vontade de partilhar com os outros procurando ser Instrutora) em vez de o ver de dentro para fora (o meu desenvolvimento pessoal que vai refletindo o que tenho vindo a aprender).
Tem sido um percurso incrível.
Esta é a minha verdade e estes são os testemunhos de alguns com quem tenho partilhado os meus conhecimentos de chikung e tem sentido na primeira pessoas o seu poder e a sua transformação
Sofia Gândara
Aluna do 2º ano do Curso de Instrutores de Chi Kung Terapêutico
Healing Project – Academya
Setembro 2024